Como Saber se Você Tem Síndrome da Impostora, ou Se Realmente é uma Impostora?

Você já se sentiu como se fosse uma fraude, mesmo quando recebe elogios e reconhecimento? Essa sensação persistente de inadequação pode ser um indício da síndrome da impostora. Apesar de ser comum, ela pode minar a autoestima, a confiança e até a capacidade de crescer em ambientes profissionais e pessoais.

Neste artigo, vamos explorar o que realmente é a síndrome da impostora, seus principais sinais e, de forma mais aprofundada, como diferenciá-la de uma autoavaliação justa e realista. Além disso, discutiremos caminhos para enfrentar essa condição, promovendo o autoconhecimento e a aceitação das próprias capacidades.


O Que é a Síndrome da Impostora?

A síndrome da impostora é um fenômeno psicológico descrito pela primeira vez pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, na década de 1970. É caracterizada por uma incapacidade crônica de internalizar conquistas e um medo constante de ser “desmascarada” como uma fraude.

Diferentemente de uma simples autocrítica, a síndrome da impostora pode se manifestar mesmo em pessoas altamente competentes, que apresentam resultados concretos em suas áreas de atuação. A raiz do problema está na desconexão entre o que a pessoa realmente realiza e como ela percebe essas realizações. Segundo Clance, a síndrome está frequentemente associada a um perfeccionismo excessivo e a uma dependência da aprovação externa para validar o próprio valor.


Sinais Comuns da Síndrome da Impostora

1. Dificuldade em Aceitar Elogios

Pessoas com síndrome da impostora frequentemente desvalorizam os elogios que recebem. Essa atitude não é apenas um reflexo de humildade, mas uma manifestação de uma crença interna de que não merecem o reconhecimento. Estudos do Journal of Personality and Social Psychology indicam que essa tendência está associada a padrões de autossabotagem, impedindo o crescimento profissional e pessoal.

Por exemplo, uma pessoa pode atribuir uma promoção no trabalho a “sorte” ou “ajuda de colegas”, ignorando os próprios esforços e habilidades que levaram à conquista.

2. Trabalho Excessivo e Relutância em Delegar

Uma característica marcante é a necessidade de trabalhar de forma exagerada para “compensar” uma suposta incompetência. Essa sobrecarga, muitas vezes combinada com a dificuldade em delegar tarefas, é prejudicial à saúde mental e física. Segundo a American Psychological Association (APA), essa dinâmica pode levar ao esgotamento (burnout) e reforçar a sensação de ser uma fraude.

Esse comportamento também pode prejudicar a colaboração em equipe, pois a pessoa com síndrome da impostora sente que precisa realizar tudo sozinha para evitar que erros sejam atribuídos a ela.

3. Perfeccionismo Desmedido

O perfeccionismo é uma característica central. Indivíduos com síndrome da impostora tendem a estabelecer padrões inalcançáveis para si mesmos. Mesmo ao alcançar resultados positivos, esses padrões irrealistas os levam a focar em pequenas falhas, reforçando a ideia de que “não são bons o suficiente”.

Pesquisas da Universidade de Columbia mostram que o perfeccionismo crônico está intimamente ligado a níveis elevados de ansiedade e a uma incapacidade de celebrar conquistas.

4. Medo de Exposição

Muitas pessoas que sofrem dessa síndrome vivem com o temor de serem “expostas” como incompetentes. Esse medo irracional de ser “descoberta” pode levar à procrastinação ou a evitar novos desafios, perpetuando o ciclo de insegurança.


Você é uma Impostora ou Está Apenas Se Subestimando?

Embora seja natural duvidar de si mesmo em certos momentos, é importante diferenciar entre a síndrome da impostora e uma autoavaliação realista. Aqui estão algumas reflexões para ajudá-lo a identificar o que está realmente acontecendo:

  1. O Feedback é Positivo e Consistente: Se colegas, supervisores e mentores reconhecem repetidamente seu trabalho como bem-feito, é provável que suas habilidades estejam alinhadas às suas responsabilidades.
  2. Resultados Concretos: O sucesso em projetos, promoções ou prêmios não acontece por acaso. Analise objetivamente seus resultados e pergunte-se: “Quais ações concretas me levaram até aqui?”.
  3. Você Está Aprendendo e Evoluindo: Se está constantemente em busca de melhoria e aprendizado, é um sinal claro de que não está estagnada, mas sim comprometida com seu crescimento pessoal e profissional.
  4. Crenças Limitantes: Questione os pensamentos negativos que surgem quando você se sente uma impostora. Muitas vezes, eles estão mais relacionados a crenças culturais ou familiares do que à realidade.

Estratégias Para Superar a Síndrome da Impostora

1. Reconheça Seus Méritos

Crie o hábito de documentar suas conquistas, por menores que pareçam. Revisar essa lista regularmente pode ajudá-la a combater a tendência de desvalorizar o próprio esforço.

2. Pratique a Autocompaixão

Lembre-se de que a perfeição é inalcançável. Aceitar seus erros e aprender com eles é parte do processo de crescimento. A psicóloga Kristin Neff, especialista em autocompaixão, ressalta que ser gentil consigo mesma em momentos de fracasso é essencial para construir resiliência.

3. Busque Apoio

Converse com colegas, amigos ou mentores sobre seus sentimentos. Muitas vezes, compartilhar suas inseguranças pode revelar que outras pessoas enfrentam desafios semelhantes. Considerar a ajuda de um terapeuta também pode ser transformador.

4. Desafie Suas Crenças

Quando pensamentos de “não sou boa o suficiente” surgirem, questione-os. Pergunte a si mesma: “Que evidências reais existem para apoiar essa ideia?”. Essa prática, conhecida como reestruturação cognitiva, é amplamente utilizada em terapias como a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).

5. Estabeleça Metas Realistas

Aprenda a celebrar o progresso, e não apenas o resultado final. Pequenos passos na direção certa são tão importantes quanto grandes conquistas.


Conclusão

A síndrome da impostora é uma luta interna que pode afetar qualquer pessoa, independentemente de suas realizações. No entanto, ao reconhecer os sinais, refletir sobre a realidade das suas capacidades e adotar estratégias para lidar com esses sentimentos, é possível superar essa condição.

Lembre-se: o sucesso que você tem é resultado do seu esforço, talento e dedicação. Aceitar isso é o primeiro passo para viver de forma mais plena e confiante, livre das amarras da autossabotagem.


Fontes:

  • Harvard Business School – Estudo sobre síndrome da impostora: www.hbs.edu
  • Clance, P. R. (1978). The Impostor Phenomenon in High Achieving Women.
  • Journal of Personality and Social Psychology – O impacto da síndrome da impostora: www.apa.org
  • Young, V. (2011). The Secret Thoughts of Successful Women.
  • American Psychological Association – Efeitos do perfeccionismo: www.apa.org
  • Kristin Neff (2011). Self-Compassion: The Proven Power of Being Kind to Yourself.

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